Abriu os olhos. Sentiu um brisa em suas costas. O ambiente era escuro e tinha um leve cheiro de flores. Apoiou-se na parede lisa e ficou de pé.
Ouvia alguns ruídos, mas não sabia o que era nem de onde vinha.
Conseguia enxergar uma luz ao longe. Seguiu calmamente pelo corredor em direção à parte mais clara.
Os ruídos aumentavam conforme ela andava. Pareciam vir do mesmo lugar que a luz - mais adiante no corredor, à direita.
O barulho era uma mistura estranha de vozes com vários tipos de música, mas ela não conseguia identificar nenhuma.
Não sabia onde estava, não sabia para onde ia. Tropeçou no próprio pé. Seu rosto estava quente, suas mãos suavam, e seus pé andavam por conta própria.
O corredor acabou onde a luz começava e ela virou à direita, em direção aos barulhos.
Era uma rua muito larga e movimentada. As pessoas indo para lá e para cá falando baixo, alto - algumas chegavam a gritar-, cantavam, riam, choravam, dançavam.
Tinha algo nelas que a intrigava, e foi quando ela parou para prestar atenção nessas pessoas que percebeu o que era.
Todas as pessoas eram ela. Ela, ela, ela em todo lugar. Era como se estivesse perdida num labirinto de espelhos.
Claro! Montes de você espalhados por aí é sempre estranho de se ver.
Ainda mais quando esse monte de você não se parecem com você.
Cada uma delas estava diferente. Vestidas de formas diferentes, falando de maneiras diferentes, ouvindo músicas diferentes, fazendo coisas diferentes.
Uma vez ou outra via alguém que não era ela e andava em sua direção, mas logo se via e recuava.
Nenhuma dela parecia perceber que estavam todas lá, como se fosse a coisa mais natural do mundo se encontrar por aí.
Então ela percebeu que cada uma daquelas ela eram uma opção, um caminho que ela poderia ter seguido, uma pessoa em que ela poderia ter se tornado. Estavam lá: cada alternativa, cada oportunidade que perdera, cada oportunidade que aproveitara; o passeio que ela não fez porque não estava se sentindo bem, as pessoas que não conheceu por não ter ido àquele passeio, os erros que cometeu e os que não cometeu. Todos estavam lá, juntos, esbarrando em si próprios - alguns pediam desculpas quando acontecia, poucos desculpavam. E muitos andavam sozinhos - outros tantos nem andavam.
Ela não sabia como se sentir. Parada no meio de seus destinos, completamente perdida.
Algo roçou sua mão, alguma ela talvez. Não pediu desculpa, mas ela não ligou e continuou lá. Parada, perdida.
Uma leve pressão na sua mão. Não era um roçar dessa vez. Alguém a segurava com firmeza. A brisa nas costas, frio no estômago e aquele cheiro doce de flores a tirou de seus pensamentos, e ela se virou.
Ele estava lá. Sorrindo o sorriso mais bonito da multidão. Olhou-a nos olhos e pareceu estar aliviado por ter encontrado a ela certa e a abraçou...
O barulho perdeu-se em algum lugar no ar, mas as pessoas continuavam passando rapidamente por eles. Ela abraçou forte a cintura dele e sorriu.
Sorriu porque eles eram os únicos lá. Sorriu porque entre tantas decisões, sabia que tinha escolhido a certa. Sorriu porque ele estava com ela e ela não estava mais perdida. E sorriu porque sabia que ele estaria lá quando ela acordasse.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
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8 comentários:
Em um universo de possibilidades, você escreveu o texto com o desfecho mais feliz dentre elas. Bela Escolha.
=D
É. Você escreveu. E escreveu bem. Me lembrou do que eu estava escrevendo ontem mas não fui capaz de terminar. Eu teria dado uma descrevida maior nas possibilidades, mas vc é simples ;D
Melhor assim.
Ps:. Ele aparece sempre tão rápido assim? Porra Felipe!
Wow!!
Adorei Ananda...
esse é o tipo de coisa que eu escrevo mas deixo esquecido no meio de um caderno...
Lindo!
Que coisa mais existencialista... =]
Adorei.
Esse cara tá vivo ainda? ¬¬
Por que não estaria?
O.o
*esperando proximo post *_*
Seu intrometido, o cara desaparece mó cota, tenho todo o direito de achar q ele morreu
Sobre desaparecer..e achar que que a pessoa morreu...nem comento nada, Dime.
Mas ai..isso AQUI VIRO UM CHAT EH?
Vamos parar de 'avacalhar' no comments da Srta. Nanda.
u_u
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