Sabia o que ia acontecer desde o momento em que ele apareceu na rua. Vinha de lá de baixo fazendo barulho com a moto. Veja: não é preconceito, é probabilidade, ou estatística, ou sei lá que nome dar. Pensei por um segundo na possibilidade de um pensamento supernatural, mas não. Não desejei, só soube. Foram as estatísticas-ou-sei-lá.
Os fatos eram: Sete e treze da manhã, cerca de dez estudantes como testemunha ou fonte de conversas posteriores, um assunto que ficou pela metade, e ele - só pude ter conhecimento da altura, já que o gorro do moleton cobria seu rosto.
Para os preocupados e detalhistas, sim!, ele tinha um capacete e estava lá. Mais precisamente no meio do guidon, protegendo o painel, provavelmente.
Ele jogou o corpo pra trás empinando a moto. Jogou demais, empinou demais e o som e silencio que se seguem foi de costela quebrada, cabeça batida, graxa, respiração presa, susto, olhar atento, olhar desviado, coração acelerado, pneu, medo, vidro quebrado, meupaisantissimo, gente correndo e gente gelando. Coisa da segundos, porque logo depois ele levantou do chão, andou até a moto - que pareceu ter esquecido que é necessário um motorista para que ela possa andar -, pegou o capacete caido, colocou de volta no seu lugar - em cima do painel, do meio do guidon - sentou-se e foi embora.
Ouvi depois que era a segunda vez que ele capotava. Não sei. Só sei que os pedaços de vidro continuam jogados na rua.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
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