E eu estava aqui com uma ideia, mas ela não dizia nada. Só estava sentada do meu lado comparando o laranja dos cabelos dela com o preto dos meus. E eu disse, eu disse a ela "é muito bom que você esteja aqui, porque fazia tempo que eu não via uma de vocês, e vocês só aparecem quando eu to sozinha e eu gosto muito de ficar sozinha, e os seus cabelos são muito bonitos, mas sabe? você deve dizer algo, porque de nada adianta a nossa presença se deixamos de dizer o que deve ser dito" e ela deitou sua cabeça no meu colo e respirou fundo. Então ela disse que gostava do cheiro do meu cabelo e calou-se. O cabelo dela também era cheiroso e eu achei estranho pensar que havia um mar. Ele estava lá fora mais perto de mim do que as belas palavras que eu gosto de ouvir, e o mar não para nunca. Assim como a brisa que estava la fora com ele.
Era uma sensação muito boa. Havia uma luz amarela, o som de alguns grilos e aparelhos eletronicos e o cheiro de uma ideia no meu colo. Então ela me disse, ela disse bem assim: "Sabe aquela gata da sua tia? Faz tempo que você não a vê porque ela está se escondendo embaixo do lençol, na cama daquele quarto no fim do corredor. Gatos são animais muito inteligentes quando querem". E era verdade. Ela estava escondida embaixo do lençol e também era muito inteligente. Eu soube porque fui lá ver. E peguei o meu caderno e comi alguns amendoins. A ideia era muito boa, então ela narrou tudo pra que eu anotasse no caderno, mas minhas mãos são lentas e a ideia acabou adormecendo.
Adormeceu tão serenamente que eu não quis acordá-la, mas espero que ela desperte logo.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
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